Ficha Limpa

Tem um assunto importante que devemos tratar nesse espaço, já que aqui também é o lugar para o debate e as reflexões. A Câmara dos Deputados aprovou na noite desta quarta-feira, dia 05 de maio, o texto-base do projeto Ficha Limpa – que tenta impedir que políticos com condenação na justiça possam concorrer às eleições . Agora, as entidades ligadas ao Movimento de Combate à Corrupção Eleitoral começam a pressionar para que o projeto seja endossado também pelo Senado. O projeto ainda tem 12 emendas a serem aprovadas na Câmara até chegar ao Senado. Na quarta, para forçar a aprovação junto aos deputados, manifestantes levaram ao Congresso vassouras e baldes para lavar a rampa da Casa. Isso mostra que a sociedade, por meio de entidades civis organizadas, está se mobilizando pra fazer valer seus direitos. A trajetória do projeto já mostra isso: um projeto de iniciativa popular (apoiado por cerca de 1 milhão e trezentas mil assinaturas), que no início apresentava apenas 13% de apoio no Congresso, hoje já encontra respeitabilidade e avança, mas ainda encontra resistências.
Esta semana, o blog de Alê Youssef ( http://ale.org.br/blog.php), um dos fundadores do Instituto Overmundo, organismo que busca promover o acesso ao conhecimento e à diversidade cultural no Brasil, falou sobre pesquisa da Datafolha, comentada por Gilberto Dimenstein na semana passada, onde os índices apontam que 74% dos jovens não se interessam por política. Na mesma matéria o blog apresenta o depoimento comovente do rapper Afro-X que cumpriu seu último dia de uma pena de 14 anos - sete deles no Carandiru e o restante em liberdade condicional - por assalto à mão armada. Afro-X comemorou a data lançando uma autobiografia, intitulada “Ex-157″, para tentar explicar como um jovem é seduzido pelo crime. Entre as inúmeras razões, segundo ele, destaca-se o político brasileiro. “Eles transmitem a sensação de que o crime compensa. São tantas as acusações e parece não acontecer nada.” É por essas e por outras que o movimento Ficha Limpa precisa ainda contar com a força da mobilização da sociedade para ser aprovado. “Mesmo que você não goste de política, a política gosta de você e do seu voto”, diz Alê. Concordo.